Sistema Online de Conferências - IFMG Campus Bambuí, XIV Jornada Científica

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COMPORTAMENTO DE ANIMAIS SILVESTRES EM CATIVEIRO DURANTE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL: EXPERIÊNCIA NO SETOR DE PACAS DO IFMG-BAMBUÍ
Laura Semira Souza Sales, Luisa dos Santos Christo, Letícia Isabelle Mileib Amaral, Luiza Garcia Coutinho, Ricardo Cruz Vargas, Clarice Silva Cesário

Última alteração: 2022-09-01

Resumo


Enriquecimento ambiental é um conjunto de estratégias que fornecem experiências positivas aos animais e melhoram sua qualidade de vida. Reduzir estresse e promover bem-estar dos animais silvestres em cativeiro deve ser uma busca, principalmente se estão presentes em instituições de ensino. O GEAS-Grupo de Estudos em Animais Silvestres do IFMG-Bambuí tem contribuído com esta temática na formação dos discentes. Avaliamos o comportamento de pacas em cativeiro durante um enriquecimento ambiental. Para tal, realizamos uma visita técnica ao criatório “Arca de Noé” no dia 31/05/2022 entre 17:30h e 19:30h. Este setor é constituído de 10 baias compartilhadas, cinco de cada lado, com um corredor de manejo central, além de cobertura vegetal no perímetro. Cada baia contém piscina, comedouros e tocas de madeira. Os 21 participantes foram divididos em dois,  sendo que o primeiro foi para o lado direito e o segundo, após o término do primeiro, para o esquerdo. Cada baia continha dois observadores dispostos a um metro da mesma, que escolheram o animal a ser observado. Os enriquecimentos (galhos de goiabeira, milho em grão e sabugo de milho) foram introduzidos pelo responsável pelo setor, que eventualmente realiza esta atividade. O método de amostragem foi o “animal focal minuto a minuto” durante 20 minutos, registrados em planilha com o auxílio de etograma. Os dados numéricos foram tratados com estatística descritiva e representados em porcentagens. Obtivemos 420 minutos de observação dos comportamentos, dos quais, 54,4% foram considerados positivos (estimulam o bem-estar); 22,2% neutros (referem-se principalmente a atividades cotidianas e fisiológicas) e 4,3% negativos (podem ser nocivos se expressados com alta frequência e intensidade). Os mais frequentes foram alimentação (21,2%), interação com o galho (21,1%), andar (13, 3%), em estação (6,7%), cheirar o ambiente (5,7%) e interações agonísticas - vocalizar, eriçar pelos e brigar (3,8%). Os animais permaneceram fora do campo de visão (na toca) em 17,4% das observações. Apesar do pequeno esforço por indivíduo amostrado, o maior propósito da atividade foi estimular o desenvolvimento de competências acadêmicas dos participantes. No entanto, pudemos constatar uma maior frequência de comportamentos que podem gerar bem-estar, maior atividade física e diminuição da agressividade, indicando que o tipo de enriquecimento escolhido é eficaz para a espécie. Muitos observadores relataram que boa parte dos comportamentos agonísticos não puderam ser registrados nas planilhas devido à característica do método. A grande quantidade de indivíduos presentes em algumas baias pode ser a causa das interações agressivas notadas. Não podemos afirmar se o tempo permanecido na toca foi por interferência da presença dos observadores, estresse, tentativa de fuga, tendência natural da espécie, ou outra razão. Tais inferências demandariam maior esforço amostral. Atividades como essa enriquecem e diversificam a formação dos discentes, estimulam seu desenvolvimento e despertam o interesse pelo aprender. Elas também podem trazer benefícios aos animais silvestres cativos quando realizadas de forma sistemática, a longo prazo e com frequência bem planejada, já que os mesmos vivem com poucos estímulos nessas condições e podem desenvolver comportamentos indesejáveis.


Palavras-chave: Animal Focal; Cuniculus Paca; Etograma; GEAS IFMG-Bambuí; Visita Técnica.