Sistema Online de Conferências - IFMG Campus Bambuí, XIV Jornada Científica

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INFLUÊNCIA DA GARÇA-VAQUEIRA (Bubulcus Ibis) COMO CONTROLE BIOLÓGICO DE CARRAPATOS – RELATO DE CASO
Bruna Macena Pereira de Souza, Bruna Sant'ana Rocha, Simone Magela Moreira

Última alteração: 2022-10-10

Resumo


A Garça-Vaqueira (Bubulcus ibis), ave comum no Brasil, pertence à família Ardeidae cuja biologia reprodutiva se caracteriza por numerosos agrupamentos em colônias que, apesar de não dependerem do ambiente peri-aquático, usam-no regularmente para a construção de seus ninhais. O comportamento alimentar dessas aves inclui insetos e ácaros, sendo citadas como potenciais agentes no controle biológico de pragas como moscas e carrapatos. Na atual pesquisa, objetivou-se demonstrar o efeito da população da garça-vaqueira na disponibilidade dos carrapatos, comumente encontrados junto às capivaras que residem na lagoa do IFMG Campus Bambuí. A presença dos ectoparasitas foi verificada por meio de armadilhas (fixas e de arraste) instaladas durante os meses de fevereiro e março de 2022, semanalmente, em diferentes pontos da orla. Para as armadilhas de sublimação, o gás carbônico foi produzido pela reação química entre 500 g de bicarbonato de sódio (NaHCO³) hidratado em 500 mL de água, acrescidos à 500 g de ácido cítrico (C₆H₈O₇) também diluído em 1500 mL de água. Para o arraste, utilizou-se de uma flanela branca de 100 x 100 centímetros que permitiu a aderência dos artrópodes que se encontravam sobre as gramíneas, sendo arrastada em uma área de 10 m2, a cada vez. Os resultados demonstraram uma completa ausência de carrapatos, não tendo sido capturado nenhum exemplar, durante os dois meses da pesquisa. Acrescida da informação de que não houve controle químico, tal lacuna pode indicar que a intensa população de filhotes, oriunda das aves que se utilizaram das árvores no local para a construção dos ninhos, entre janeiro e julho de 2022, seja a causa mais provável. Sabe-se que garça-vaqueira é uma espécie semi-altricial, que permanece próxima ao refugio, nos galhos e no topo das árvores, até os 14 dias de vida. Um pouco maiores, ao atingirem idade aproximada de um mês, mas ainda sem a capacidade de voar e acompanhar os pais, estes filhotes permanecem longos períodos do dia no solo, alimentando-se do que encontram, próximo às arvores. Além disso, a espécie é comumente vista ao lado dos bovinos, alimentando-se dos carrapatos que parasitam e caem destes animais. A presença de um elevado número de aves na orla da lagoa do IFMG, consumindo as prováveis formas ambientais dos carrapatos, pode ter comprometido o ciclo biológico e interferindo na população desses parasitos. Contudo, apesar do reconhecido predatismo, para a análise científica do seu papel como controle biológico no ambiente do campus, são necessárias pesquisas mais robustas, introduzidas de arranjos experimentais. Porém, estudos como este, trazem luz e corroboram para o fornecimento de dados acerca da  interferência da garça que pode oferecer impactos positivos no controle de importantes vetores de doenças zoonóticas.

 

 

Palavra-chave: Inimigo natural. Controle de vetores. Predador.