A leptospirose é uma doença de distribuição mundial que pode afetar várias espécies de mamíferos. Embora seja potencialmente letal, o seu impacto na saúde da população humana e animal ainda é subestimado. Devido cães e gatos se tornarem portadores assintomáticos por um longo período e estarem em intenso convívio com o ser humano, esses animais podem servir como sentinelas da contaminação ambiental para essa doença. Junto a isso, a prevalência da doença em cães e gatos varia muito entre cidades e períodos estudados, portanto, é de fundamental importância que cada localidade faça seu estudo e conheça os fatores que levam a contaminação pela Leptospira spp. e seus sorovares. A utilização de animais em campanhas de castração para a verificação de doenças em animais é uma prática já realizada e traz diversas informações importantes. O objetivo deste estudo foi determinar a soropositividade para Leptospira spp. em cães e gatos submetidos a campanha de castração realizada pela Prefeitura de Bambuí – Minas Gerais. A coleta das amostras foi realizada em caninos e felinos no mês de setembro, após o inverno, estação caracterizada pelo clima seco da região. Na primeira etapa do projeto foram coletadas 150 amostras de sangue dos cães e gatos em três dias de campanha. A detecção de anticorpos anti-Leptospira spp. foi realizada através da técnica de soroaglutinação microscópica (MAT) no Laboratório de Zoonoses Bacterianas da Universidade de São Paulo. Das 150 amostras coletadas na castração, 144 soros foram analisados. Destes, 109 eram amostras de cães e 35 amostras de gatos. Ao todo, 15 amostras (13,76%) de cães deram positivo para algum sorovar de leptospira, sendo o sorovar Canícola o mais frequente, presente em 6 análises, resultando em 5,5%, enquanto o sorovar Butembo esteve presente em 3,67%, Copenhageni em 3,67%, Hardjoprajitno em 2,75%, Australis em 0,91%, Icterohaemorrhagiae em 0,91%, Shermani em 0,91% e Whitcombi em 0,91%. Todos os gatos foram negativos. Dos 15 cães positivos para algum sorovar de leptospirose, 12 (80%) eram cães de rua, enquanto 2 (13,33%) eram de tutores e 1 (6,66%) residia em zona rural. De acordo com os resultados das análises obtidas foi possível observar a presença de animais soropositivos para Leptospira spp. com diferentes sorovares. As diferenças entre meio urbano e rural podem ser explicadas pelas diferentes condições de pH do solo e a presença de um maior número de portadores de leptospira ou populações de reservatórios (ratos e cães) no meio urbano. A água contaminada por ratos ou outros roedores, principalmente de inundações após chuvas é a principal responsável pela propalação da leptospirose a organismos susceptíveis nos centros urbanos. Sendo assim, é importante identificar os animais positivos, as regiões de maior prevalência da doença e os possíveis fatores de riscos para que sejam tomadas medidas de controle da doença entre populações caninas e felinas.

Palavras-chave: Epidemiologia; Leptospira spp.; Soroprevalência; Sorovares.