A família Myristicaceae abriga aproximadamente 20 gêneros e 500 espécies. No Brasil, encontram-se seis gêneros e 65 espécies, com a maioria delas concentradas na região amazônica. O gênero Virola é o que possui maior riqueza na flora brasileira, com 35 espécies, sendo nove delas endêmicas. Dentre elas, Virola sebifera Aubl. é o único representante da família que ocorre no Cerrado mineiro e também possui uma ampla distribuição nos domínios Floresta Atlântica, Amazônia e Cerrado. O Cerrado é considerado o segundo maior bioma brasileiro em extensão territorial, abrangendo cerca de 200 milhões de hectares, correspondendo a quase 25% do território nacional. Entretanto, o Cerrado enfrenta uma significativa perda do seu habitat devido à crescente atividade humana, impulsionada pela expansão agropecuária, isso resulta na exaustão progressiva dos recursos naturais e aumenta os riscos de extinção por causa das áreas antropizadas. Por outro lado, as áreas preservadas no Cerrado representam locais de espaços únicos que demandam pesquisas para aprofundar o conhecimento das espécies presentes no bioma. Embora Myristicaceae esteja presente no bioma, estudos desta família para o Cerrado ainda são limitados. Com base nisto, o Grupo de Pesquisa do Cerrado Mineiro (GPEC - MG) se propõe a monografar as famílias botânicas ocorrentes nas áreas de Cerrado em Minas Gerais, sendo Myristicaceae o foco deste nosso estudo. Coletas aleatórias têm sido realizadas em Bambuí e municípios vizinhos desde 2021 e até agora quatro amostras de Virola sebifera foram coletadas e estão no acervo do herbário IFMG. Entre elas, uma foi coletada em Formiga e três em Bambuí, onde duas delas foram de procedência do IFMG campus Bambuí, uma no caminho para a mata da Reserva do IF e outra na trilha da Ressaca. Atualmente, nesta última área, são realizadas coletas botânicas como meio de estudo para projetos e atividades de ensino, pesquisa e extensão, como por exemplo, nas aulas de campo dos estudantes da instituição dos cursos de Bacharel em Agronomia, Licenciatura em Ciências Biológicas e do Ensino Médio, bem como pelos alunos voluntários e bolsistas do herbário. As características das Myristicaceae incluem árvores ou arbustos com tronco liso, presença de lenticelas e exsudato avermelhado na casca. As folhas são simples, alternas e não possuem estípulas. A inflorescência é fasciculado-racemosa ou paniculada, com flores pequenas, amarelas, dioicas, actinomorfas, monoclamídeas, trímeras e ovário súpero. Os frutos são do tipo baciforme, sendo a maioria deles avermelhados, e as sementes são cobertas por um arilo carnoso. Virola sebiferase diferencia das outras espécies do gênero por apresentar as folhas com poucas nervuras secundárias (menos de 25), folhas com a face abaxial com presença de tricomas tomentosos, pubescentes ou puberulentos e sementes com arilo vermelho. É uma planta que se destaca na região do Cerrado Mineiro, especialmente em Bambuí e cidades vizinhas, a bicuíba, como é conhecida popularmente esta espécie, e é encontrada com freqüência em áreas em regeneração e pouco antropizadas. Sua presença na Trilha da Ressaca do IFMG - Campus Bambuí é reflexo dessa característica regional, ressaltando a importância de estudos sobre essa espécie presente na flora local.