Este trabalho traz uma análise de formações nominais (FNs), tomando como amostras algumas designações que geraram engajamento na internet entre meados de 2021 e início de 2022, a saber, feminismo, Covid19, empreendedorismo feminino e uberização. Pretendeu-se, a partir do procedimento de observação da língua em uso, entender como as designações, para além de apontar para um mundo pré-existente, constroem referências. A semântica de bases enunciativas (GUIMARÃES, 2018 e DIAS, 2018), perspectiva teórica que sustenta o presente estudo, postula que traços enunciativos atravessam a materialidade da língua. Ou seja, ao serem colocadas em uso as FNs são tomadas por um domínio de mobilização constituído pelos referenciais históricos de sentidos que as atravessam e pelas pertinências enunciativas que elas ganham na atualidade do dizer. As fontes das ocorrências analisadas são postagens nas redes sociais Twitter e Instagram, e a escolha por essas fontes pautou-se na percepção de que as redes sociais são espaços de interação verbal amplamente utilizados na contemporaneidade. Após a coleta, as postagens foram colocadas em rede enunciativa, de modo que pudessem ser cotejadas e fosse possível entender as regularidades na construção dos sentidos das FNs em questão. A consulta ao significado dicionarizado de cada uma dessas FNs no respeitado Dicionário Houaiss foi um procedimento metodológico utilizado para traçar o referencial histórico de sentidos estabilizado para cada FN e serviu de parâmetro de contraste para a análise das pertinências enunciativas no uso da língua. Pode-se verificar que as FNs angariam sentidos diversos, e por vezes dissidentes dos sentidos estabilizados em dicionário, nas postagens, revelando uma complexidade no processo de designar/nomear que tem origem nas diferentes perspectivas que se instalam no presente do dizer. Além disso, este trabalho, ao tomar como objeto de investigação a materialidade linguística de uma categoria que costuma ser levada às salas de aulas do ensino básico de modo restrito, contando apenas com a tradicional classificação gramatical dos substantivos como aporte teórico, pensa trazer contribuições para que o procedimento da investigação linguística tenha subsídios para ser incorporada nas aulas do ensino médio como um procedimento didático favorável ao letramento científico. Nessa toada, foi desenvolvida ao final do processo uma atividade que emprega justamente as redes enunciativas como recurso metodológico para o ensino do tópico gramatical substantivo, tomando-o como materialidade linguística atravessada por fatores de ordem enunciativa. Acredita-se que a metodologia de investigação linguística como recurso didático possa instigar outros professores que queiram levar uma abordagem de tópico gramaticais, como o substantivo, mais conectada com os parâmetros de uso da língua, mais reflexiva e contextualizada, para as salas de aula.