Última alteração: 2023-08-18
Resumo
Com o passar dos anos, o bem-estar animal tem ganhado espaço, sendo tema de grande relevância na medicina veterinária e sociedade de modo geral, tendo como um de seus preceitos o controle da dor. A dor é fundamental para sobrevivência e proteção do corpo, porém, pode causar danos ao animal quando não identificada e tratada de forma adequada. Portanto, quando o animal é submetido a dor essa deve ser considerada, reconhecida e debelada, sendo necessários conhecimentos quanto a patofisiologia da dor, suas formas de apresentação em cada espécie e fármacos empregados para controle, indispensáveis à instituição de uma terapia assertiva e redução de danos. Ensinar e enfatizar a importância destes conhecimentos durante a graduação são de grande relevância para a formação de profissionais mais conscientes sobre o tema. O presente trabalho tem como objetivo identificar o conhecimento de estudantes de Medicina Veterinária, a partir do sétimo período em todo o Brasil, sobre o reconhecimento e tratamento da dor. Para tanto, aplicou-se formulários eletrônicos de caráter misto, com questionamentos realizados de forma objetiva, referente a dados demográficos, opinião sobre a dor dos animais, o estudo do tema na instituição de ensino, o conhecimento e confiança na avaliação e tratamento da dor. Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva com análise de frequência. Foram obtidas trinta e oito respostas, sendo compostas em sua maioria por alunos do gênero feminino (89,5%) e matriculados em instituições públicas (84,2%) de quatro regiões do Brasil, predominantemente no Sudeste (73,3%). A respeito da dor, todos os estudantes concordam que o reconhecimento da mesma é importante para a instituição da terapia adequada e que o conhecimento do comportamento de cada espécie animal facilita o diagnóstico. Porém, 55,3% dos alunos concordam totalmente e 28,9% parcialmente, que o reconhecimento da dor é de difícil realização em animais. Quando comparados animais de companhia e produção, obteve-se que 60,5% dos estudantes discordam que animais de companhia sejam mais sensíveis à dor do que animais de produção, mas 92,1% desses concordam totalmente ou parcialmente que proprietários de animais de companhia insistem ativamente para o fornecimento de analgésicos, enquanto apenas 7,9% dos mesmos concorda parcialmente que ocorra em animais de produção, onde a disponibilidade de arcar com os custos também foi relevante. Sobre o ensino nas instituições, 39,8% dos discentes discorda parcialmente que a abordagem seja feita de forma eficiente, 7,9% discorda totalmente e 5,3% concorda. De forma consoante, 23,7% desses discorda ter recebido treinamento adequado para tratar a dor, sendo a concordância total de 26,3% e parcial de 42,1%. Na autoavaliação de suas habilidades, 23,7% desses afirma não ter conhecimentos adequados, 44,7% concordam de forma parcial e 23,7% concordam de forma total. Apenas 15,8 % das instituições pesquisadas possuíram disciplina obrigatória específica sobre o reconhecimento e controle da dor. Logo, ressalta-se a relevância do estudo do tema, visando aprimoramento do ensino, com formação de profissionais conscientes e aptos a reconhecer e tratar a dor nos animais.
Palavras-chave: bem-estar animal; dor; reconhecimento; tratamento; Medicina Veterinária; ensino.