Última alteração: 2021-10-13
Resumo
A modelagem da distribuição diamétrica é uma técnica importante para o planejamento de múltiplos produtos madeireiros, permitindo a execução de prognoses e simulações de desbaste. Todavia, ainda, persistem dúvidas sobre a definição de bordadura para lançamento de parcelas em inventários florestais, sobretudo, em povoamentos com idades avançadas e/ou próximas àquela de colheita. O objetivo do presente trabalho foi comparar a distribuição diamétrica de fustes no interior e bordas de parcelas instaladas às margens de um povoamento de eucalipto. Os dados utilizados no presente trabalho foram provenientes de uma unidade de manejo florestal situada no município de Itamarandiba – MG. A implantação foi realizada em dezembro de 2002 com um híbrido de Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden × E. camaldulensis Dehnh e sob arranjo espacial de plantio 3 × 3 m (9 m2). Estabeleceram-se três parcelas experimentais retangulares com seis linhas de plantio às margens do povoamento (28 covas por linha), perfazendo um total de 168 covas (equivalente a parcelas de 1.512 m2). Cada parcela foi dividida em três regiões, assim discriminadas: Borda 1 – refere-se à primeira linha limítrofe da parcela; Borda 2 – refere-se à segunda linha limítrofe da parcela e; Centro – interior da parcela (sem bordadura dupla). Aos 85 meses de idade, mensuraram-se o diâmetro a 1,30 m de altura do solo (Diâmetro à Altura do Peito, DAP, cm) de todos os fustes com auxílio de suta mecânica. Os dados foram agrupados em classes de tamanho regulares de 2 cm de DAP. Ajustou-se a função Weibull de 2 parâmetros (Weibull 2P) para a modelagem da distribuição diamétrica de cada região das parcelas pelo método da máxima verossimilhança, adotando o algoritmo de otimização de Nelder e Mead. Calculou-se a raiz quadrada do erro médio (RQEM). A aderência da função aos dados observados foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Comparou-se as estimativas de frequência entre regiões de parcela pelo teste F de Graybill, assumindo como referência a região central das parcelas. Todas as análises estatísticas foram efetuadas com auxílio do software R (versão 4.1.0), ao nível de significância de 5% de probabilidade. Os valores dos parâmetros de forma e escala foram de: γ = 9,712945 e β = 16,747591 (RQEM = 0,1119) para Borda 1; γ = 12,708140 e β = 16,126300 (RQEM = 0,1119) para Borda 2 e; γ = 10,803560 e β = 15,932620 (RQEM = 0,1195) para Centro, respectivamente. A aderência foi verificada em todos os ajustes realizados e as distribuições diamétricas de bordas foram estatisticamente similares àquela do interior das parcelas. O formato de sino foi evidenciado para as distribuições diamétricas, que é o previsto para florestas equiâneas. Conclui-se que não houve a influência da borda na distribuição diamétrica de fustes do híbrido aos 85 meses de idade. A função Weibull foi eficiente para a estimativa da frequência relativa de fustes em diferentes classes de diâmetro de eucalipto.