Última alteração: 2021-10-13
Resumo
A distribuição diamétrica se refere ao número de indivíduos por classe de diâmetro presentes em uma comunidade vegetal. Convencionalmente, a distribuição diamétrica tem sido modelada pelo método da máxima verossimilhança, devido a simplicidade de ajuste e flexibilidade para assumir diferentes formas e assimetrias. Entretanto, ainda, são poucos trabalhos que analisam alternativas para a estimação dos parâmetros de funções densidade de probabilidade em vegetações nativas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes alternativas de ajuste da função log-normal para estimar a distribuição diamétrica de fustes em um fragmento de cerrado típico. O inventário florestal foi realizado em um fragmento de cerrado típico de 26,90ha, situado no distrito de Desembargador Otoni, município de Diamantina. A amostragem consistiu na distribuição casual de oito parcelas retangulares de 600 m2 (20 × 30 m) sobre relevo plano (intensidade amostral de 1,78%). A coleta de dados biométricos foi realizada em todos os fustes com circunferência a 1,30 m de altura do solo (CAP, cm) igual ou superior a 18,5 cm. A CAP foi tomada com auxílio de fita métrica e o seu respectivo diâmetro (DAP, cm) foi calculado pela expressão “DAP = CAP/π”. Os dados foram agrupados em classes biométricas com intervalos regulares de 2 cm de diâmetro. Foram testadas três alternativas para a estimativa dos parâmetros da função Weibull, assim discriminadas: MLE) método da máxima verossimilhança (Maximum Likelihood Estimation); MGE+CvM) método da máxima qualidade de ajuste (Maximizing Goodness-of-fit Estimation, MGE) empregando a estatística de teste de Cramer-von Mises e; MGE+AD) MGE empregando a estatística de teste de Anderson-Darling. A qualidade dos ajustes foi avaliada de acordo com os valores da Raiz Quadrada do Erro Médio (RQEM), coeficiente de correlação de Pearson (r) e critério de informação de Akaike (Akaike Information Criterion, AIC). Menores valores de RQEM e AIC implicam em maior qualidade preditiva. A aderência das funções aos dados foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Todas as análises estatísticas foram efetuadas com auxílio do software R (versão 4.1.0), ao nível de significância de 5% de probabilidade. A amostragem contemplou 403 fustes. Os valores dos parâmetros logaritmizados da média e desvio padrão foram de 2,150588 e 0,263028 (RQEM = 0,1251 e AIC = 1804,6290) para MLE; de 2,115402 e 0,276378 (RQEM = 0,1251 e AIC = 1813,0730) para MGE+CvM e; de 2,114143 e 0,268302 (RQEM = 0,1251 e AIC = 1812,3790) para MGE+AD, respectivamente. A aderência foi verificada em todos os ajustes realizados (p > 0,05). O decréscimo da quantidade de fustes com o aumento do diâmetro condiz com o esperado para formações lenhosas nativas. A qualidade preditiva com a utilização da abordagem por máxima verossimilhança se mostrou um pouco superior às demais alternativas para a estimativa dos parâmetros da função log-normal. Conclui-se que a função log-normal ajustada pelo método da máxima verossimilhança foi eficiente para descrever a distribuição de diâmetros dos fustes no fragmento de cerrado típico em estudo.