Última alteração: 2022-08-30
Resumo
A domesticação equina alterou principalmente a alimentação, reduzindo o tempo de pastejo e a diversidade de alimentos consumidos. As mudanças nos hábitos alimentares do equino resultaram no aumento de afecções dentárias, também observadas em seres humanos que aumentaram a ingestão de carboidratos, reduzindo o pH bucal e favorecendo o desenvolvimento de cáries. Sendo assim, objetivou-se avaliar a influência da dieta no pH bucal equino. Foram utilizados 20 potros Mangalarga Marchador, com idade média de sete meses, divididos em quatro grupos de acordo com o tipo de volumoso fornecido: silagem de milho (Grupo SM), feno prismático (GrupoFPr), feno pré-secado (F) e feno peletizado (FPe), sendo os diferentes preparos de fenos constituídos por Tifton 85. As dietas foram formuladas de acordo a exigência nutricional da categoria e foram isoproteicas e isoenergéticas. Após 60 dias de adaptação ambiental e alimentar, os animais foram submetidos a jejum hídrico e alimentar de três horas para a mensuração do pH bucal (MB), com o uso de fita colorimétrica indicadora de pH, posicionada no dorso da língua do animal. Após, os animais receberam 500 gramas de matéria seca do volumoso correspondente de cada grupo e tiveram cinco minutos para o consumo. Em seguida, foi realizada a mensuração do pH bucal (M0) e repetida após 10 (M10), 30 (M30) e 60 (M60) minutos. Os valores obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias entre os grupos e entre os momentos de cada grupo foram comparadas pelo teste de Student-Newman-Keuls (p≤ 0,05). Nos grupos FPr, F e FPe os valores de pH bucal não obtiveram diferença significativa entre os momentos. No grupo SM ocorreu redução significativa entre os valores médios de pH bucal de MB (8,2) e M0 (6,4), porém com aumento significativo em relação a M0 em M10 (7,2) e M30 (7,8), se mantendo estável em M60. A média do pH bucal obtida em todos os animais, independente do tratamento foi 8, estando acima de valores previamente obtidos na literatura (7,8). A redução do pH bucal no grupo SM pode ser explicada pelo elevado teor de amido do milho (79,3%), resultando na maior produção de ácido láctico, quando comparado aos animais que receberam Tifton em diferentes preparações, que apresenta o teor de amido próximo à 3,9%. O retorno do pH bucal a valor próximo ao MB no grupo SM, após 10 minutos da ingestão da dieta, pode ser explicado pela presença de bicarbonato na saliva, que exerce efeito tamponante. Desta maneira, conclui-se que a dieta influencia no pH bucal de equinos, sendo que elevados teores de amido promovem a acidificação da saliva, porém de maneira temporária, devido ao efeito tampão salivar.
Palavras-chave: Alimentação, amido, saliva, tampão.