Última alteração: 2022-10-05
Resumo
Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum que constitui grave problema de saúde pública. As mulheres grávidas representam um grupo de afetados que requer ações e políticas específicas, já que o continente americano concentra quase 1% da prevalência mundial de sífilis em gestantes. Assim, a presente pesquisa visou descrever alguns aspectos da sífilis gestacional no município de Bambuí, Minas Gerais, entre 2014 e 2020, cujas ocorrências desafiam a amplitude da cobertura (100%) do Programa de Saúde da Família (PSF). Os dados obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e complementados por informações oferecidas pela Secretaria Municipal de Saúde e Vigilância Epidemiológica da Prefeitura Municipal de Bambuí permitiram verificar que, dos 29 casos de sífilis com exposição fetal, 72,5% foram diagnosticados na fase inicial da gestação, durante o acompanhamento materno realizado em uma das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os outros 27,5% dos casos foram notificados pelo hospital maternidade. Por tratar-se de localidade que se diz com ampla cobertura pelo PSF, onde 100% do seu território é tida como de atuação do Programa, ter-se cerca de 1/3 das infecções notificadas somente ao final da gestação é preocupante e exige estratégias para romper as barreiras que impedem a boa assistência pré-natal no município. No período pesquisado, destaca-se ainda um concentrado número (42%) de notificações ocorridas em 2020, cujas causas precisam ser mais bem exploradas, em estudos futuros. Porém, é possível concluir que, apesar da cobertura territorial, em Bambuí a assistência pré-natal não obteve sua efetividade na prevenção e no rastreio da sífilis, uma vez que ocorreram mulheres diagnosticadas somente na admissão à maternidade, tendo sido perdida a oportunidade do adequado controle e prevenção da transmissão vertical da doença. Portanto, diante da constatação de fragilidades no acompanhamento gestacional, torna-se evidente a necessidade de investimento em estratégias de promoção e educação em saúde para combater o problema.
Palavras-chave: Gravidez; Rastreamento; Bambuí; Saúde da Mulher; Saúde materno-infantil