A identificação precoce de deficiências auditivas aumenta a efetividade dos tratamentos. Testes tradicionais, como audiometria tonal, dependem da cooperação do indivíduo, o que os torna difíceis de realizar em pacientes que são incapazes de cooperar, como bebês, crianças e pessoas com certas deficiências físicas ou mentais. Respostas Auditórias em Regime Permanente (Auditory Steady-State Responses - ASSR) são potenciais evocados úteis para estimar limiares auditivos. São manifestadas no eletroencefalograma (EEG) e sua presença é verificada por métodos estatísticos, normalmente no domínio da frequência, com técnicas chamadas Detectores Objetivos de Respostas (Objective Response Detectors - ORD), dispensando assim a necessidade de cooperação do paciente. O método padrão para implementar ORD envolve dividir o sinal do EEG em janelas e estimar as componentes espectrais de cada janela nas frequências de estimulação usando a Transformada Discreta de Fourier (Discrete Fourier Transform - DFT). Uma das desvantagens de estimar componentes espectrais por DFT é que é necessário respeitar o critério de amostragem coerente, que reduz consideravelmente as possíveis escolhas de tamanho da janela e frequências de estimulação ao aplicar técnicas ORD. Este trabalho propõe o método dos mínimos quadrados com compensação de fase como uma técnica alternativa à DFT, eliminando as restrições impostas pelo critério de amostragem coerente com respeito à frequência de análise e o tamanho da janela. Os oito voluntários adultos com audição saudável foram estimulados por tons Modulados em Amplitude (AM). Em cada sessão, a estimulação dicótica foi realizada com a mesma frequência portadora e intensidade para ambas orelhas, o estímulo apresentado na orelha esquerda foi modulado na frequência de 35,2441 Hz e o estímulo apresentado na orelha direita foi modulada na frequência de 37,0063 Hz. As frequências moduladoras foram escolhidas de modo a respeitar o critério de amostragem coerente para um tamanho de janela de 1024 amostras e uma frequência de amostragem de 601,5 Hz. Neste trabalho, a técnica ORD usada foi a Magnitude Quadrática de Coerência (Magnitude-Squared Coherence - MSC). Variando a frequência de análise, os resultados mostraram que as maiores taxas de detecção ocorreram ligeiramente acima das frequências de estimulação, o que indica um pequeno erro de calibração nos dados. A segunda análise foi verificar como a performance da MSC se comporta ao variar o tamanho da janela. Essa análise permitiu verificar que, nos dados reais, a performance da MSC piora ao usar tamanhos de janela muito pequenos ou muito grandes. Portanto, o método proposto neste trabalho permitiu realizar análises com uma técnica ORD variando o tamanho de janela e as frequências analisadas, o que não era possível usando a DFT.