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SELEÇÃO DE SÍTIOS REFERÊNCIA NA BACIA DO GRAIPU EM GUANHÃES – MG
Última alteração: 2023-08-18
Resumo
A conservação da qualidade dos ecossistemas de água doce e sua biodiversidade são essenciais para garantir a manutenção de bens e serviços ecossistêmicos, incluindo o fornecimento de água e regulação de microclima local. Para afirmar que a água não tem qualidade, existem parâmetros de comparação como a Resolução 357 do CONAMA que classifica o rio quanto sua qualidade física,química e bacteriológica. Porém, não há parâmetros que auxiliem sobre a determinação da integridade ecológica de uma bacia hidrográfica, uma vez que são vários os fatores que interferem nessa integridade. O Ribeirão Graipu, no município de Guanhães – MG é o principal corpo hídrico que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) tem como ponto de captação de água para tratamento e distribuição para toda cidade. Ao longo do tempo, o ribeirão veio sofrendo diversas interferências antrópicas em toda sua extensão, justificando a necessidade do diagnóstico e biomonitoramento. Esse trabalho fez parte de um projeto macro, que ainda está em andamento, onde realiza a avaliação dos macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores ambientais na bacia, porém, para iniciar esse biomonitoramento, fez-se necessário a seleção de sítios de referência na bacia e assim subsidiar o programa. A pergunta inicial do projeto foi: Há sítios de referência que podem auxiliar como parâmetro no programa de biomonitoramento com enfoque em macroinvertebrados bentônicos na bacia do Graipu? Para isso foi essencial a construção do mapa de uso e ocupação da bacia bem como, a avaliação da integridade do hábitat físico de pontos pré-selecionados ao longo de cursos d’água utilizando o PAR (Protocolo de Avaliação Rápida). O PAR analisa 22 parâmetros do ambiente físico de dentro e nas margens de cursos d’água e gera um Índice de Funcionalidade de Hábitat (IFH) onde scores acima de 60 pontos, representam trechos em condições de referência. Foram pré-selecionados 5 pontos para conferência em campo e aplicação do PAR, desses, dois pontos se encontram no alto da bacia do Graipu, dois no médio curso e apenas um no baixo curso. Esses pontos foram selecionados avaliando imagens satélites em áreas que apresentavam maior cobertura de mata nativa em torno dos cursos d’água. Como resultado constatou-se que a bacia do ribeirão Graipu é de uso agrossilvopastoril e encontra-se degradada e alterada, sendo que apenas em sua porção baixa, na sub-baciado ribeirão Cachoeira das Pombas, há uma área mais conservada, com maior cobertura de mata nativa em que a mata ciliar está presente dentro das exigências legais, esse foi o trecho em que se obteve maior avaliação pelo PAR. Os demais pontos, apesar de apresentarem valores do PAR pouco acima de 60 pontos, observava-se alterações antrópicas à montante, como lançamento de efluentes ou pequenos barramentos, não sendo possível seu uso como sítio de referência. Apesar de ser uma bacia pequena, esperava-se encontrar mais sítios com integridade ecológica, uma vez que essa é a principal fonte de produção de água para a população de Guanhães. A degradação verificada na bacia pode ser um dos fatores que levaram a diminuição da produção de água que culminaram na escassez e desabastecimento do município há alguns anos. Esse projeto foi de extrema importância para a continuidade do programa de biomonitoramento de macroinvertebrados bentônicos do Ribeirão Graipu e subsidiou diversos projetos de restauração e recuperação ambiental dos cursos d’água, além de ser um auxiliador para o órgão competente em tomadas de decisão acerca da gestão dos recursos hídricos.
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